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Nota de Apoio as Mulheres #exposedbh


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NOTA DE APOIO Á MULHERES, NÓS MULHERES

O Diretório Acadêmico de Piscologia sempre estará ao lado das mulheres, principalmente por sermos uma profissão historicamente construída pelas mesmas.

Estamos posicionando nosso apoio público frente ao movimento Exposed BH, em consonância com a crença de que quando uma mulher dorme falando, nenhum abusador consegue dormir.

Até 1827 as mulheres não podiam sequer se matricular em instituições de ensino. Tiveram de esperar mais de meio século para ter acesso à faculdade. O primeiro Código Civil brasileiro, aprovado em 1916, reafirmou fielmente a discriminação contra a mulher, com o casamento, a mulher perdia sua capacidade civil plena. Cabia sempre ao marido a autorização para que ela pudesse trabalhar, realizar transações financeiras.

Desde a formação da sociedade brasileira, as mulheres foram excluídas de todo e qualquer direito político. Por exemplo, a Carta Outorgada do Império (1824) e a primeira Constituição da República (1891) não lhes concederam o direito de votar e nem de serem votadas. Uma situação que persistiria até as primeiras décadas do século XX. Eram, portanto, consideradas cidadãs de segunda categoria. Este não era apenas um problema do Brasil, pois, naquela época, as mulheres estavam excluídas dos seus direitos políticos na quase totalidade dos países do mundo.

Mas mulheres lutaram por nós, para nós, lutaram pelo acesso à educação, pelos direitos civis e políticos, se envolveram em grandes movimentos que ajudaram a construir a nação em que vivemos, mesmo que esta, ainda assim seja machista.

Entramos hoje em uma onda de exposições, mas não podemos ver apenas como exposições, mas marcas, feridas, dores, momentos e situações que nós mulheres guardamos por anos, meses e por semanas, por medo, receio, tristeza, por achar que julgamentos alheios são mais fortes do que a nossa dor.

Escrevo essa nota, não apenas para aquelas que foram vítimas de feminicídio, machucadas pelo machismo, usadas, descartas e destratadas como seres que não tem a opção de dizer não. É um inquérito a cada 3 horas, 8 inquéritos por dia, 234 inquéritos por mês e por fim, 1806 inquéritos a cada ano.

Uma mulher a cada 4 minutos é agredida no Brasil. Não é culpa de nós mulheres, não é culpa de nós mulheres, não é culpa de nós, mulheres. A culpa é desse sistema que deve ser desconstruído, do seu amigo machista que deve ser desconstruído, do amigo do agressor, do amigo do abusador, do abusador, do agressor, a culpa NÃO é da vítima.

Chegamos até aqui, muitas de nós morreram, mas honraremos seus nomes expondo aqueles que as feriram e que nos ferem, estaremos juntas, acolhendo, apoiando, nós mulheres, porque somos tudo, somos mães, somos amigas, irmãs, filhas, trabalhadoras, estudantes, artistas, somos o Brasil, somos o Mundo. Homens tentem, mas falhem, nós somos mulheres fortes e unidas, continuaremos nos apoiando, e o Diretório Acadêmico Escípio Cunha Lobo do Instituto de Psicologia, carrega sim o nome de um homem, mas hoje é construído por diversas mãos, de mulheres.

Mas, gostaríamos de lembrar que o desabafo, o suporte público, o movimento coletivo virtual (ou não), em nenhuma das hipóteses vem a substituir a judicialização de quaisquer casos de abuso, assédio, estupro, agressão e demais violências de gênero.

Mulheres, denunciem. Não se omitam frente a sociedade, tampouco frente ao Estado. Durmam falando e acordem na companhia de todas as nossas vozes.

 
 
 

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